sexta-feira, 6 de junho de 2008

A "vida em Marte" e o Espiritismo

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Um dos espírito que deram comunicações falando detalhes sobre alguns planetas foi Georges.

Em 1860, este espírito publicou várias mensagens.

No conjunto de comunicações em que Georges fala de Marte e de Júpiter, há um texto sobre o "Despertar do espírito", que de acordo com o que entendi, causou certo desconforto entre os estudantes que consideravam Georges um espírito elevado, desconforto causado pelo fato do texto parecer contraditório, sem concordância com ensinos anteriores.

No mês seguinte, ainda em 1860, Kardec escreveu um artigo "Relações Afetuosas dos Espíritos", para refutar as observações de Georges, e podemos ler, de Kardec:

"Geralmente, se tem admirado as belas comunicações do Espírito que assina Georges; mas, em razão mesmo da superioridade da qual este Espírito deu provas, várias pessoas viram com surpresa o que ele disse na sua comunicação do Despertar do Espírito, a propósito das relações de além-túmulo."

Após fazer mais outras observações, refutando alguns pontos da comunicação daquele espírito, Kardec comenta:

"Encontramos aí, pois, uma prova a mais de que não é preciso nada aceitar sem tê-lo submetido ao controle da razão, e aqui a razão eos fatos nos dizem que essa teoria não poderia ser absoluta."

Após essa refutação, Kardec solicitou explicações a Georges, e o espírito se corrigiu, disse que se referia a uma determinada ocasião específica, e que pensava que não estava generalizando. (Lembrou-me outro caso parecido...)

Voltando às comunicações desse mesmo espírito Georges, sobre descrições da vida material em outros planetas, Kardec afirma:

"Não temos sobre os outros mundos senão notícias HIPOTÉTICAS"

Em 1862, Kardec "chamou Georges pra conversar" novamente, pedindo explicações sobre suas mensagens a respeito de planetas, como Vênus, e o questionou sobre alguns pontos.

Ao final desta conversa, Kardec anota:

"Essa descrição de Vênus, sem dúvida,

NÃO TEM nenhum dos caracteres de uma autenticidade absoluta,

e também não a damos senão a título condicional."


Nos 7 anos seguintes da Revista Espírita, com 12 edições por ano, não se vê mais falar no assunto.

Em "O Livro dos Médiuns" podemos ler:

296. Perguntas sobre os outros mundos

32ª Que confiança se pode depositar nas descrições que os Espíritos fazem dos diferentes mundos?

"Depende do grau de adiantamento real dos Espíritos que dão essas descrições, pois bem deveis compreender que Espíritos vulgares são tão incapazes de vos informarem a esse respeito, quanto o é, entre vós, um ignorante, de descrever todos os países da Terra.

Formulais muitas vezes, sobre esses mundos, questões científicas que tais Espíritos não podem resolver.

Se eles estiverem de boa-fé falarão disso de acordo com suas idéias pessoais;

se forem Espíritos levianos divertir-se-ão em dar-vos descrições estranhas e fantásticas, tanto mais facilmente quanto esses Espíritos, que na erraticidade não são menos providos de imaginação do que na Terra, tiram dessa faculdade a narração de muitas coisas que nada tem de real.

Entretanto, não julgueis absolutamente impossível obterdes, sobre os outros mundos, alguns esclarecimentos. Os bons Espíritos se comprazem mesmo em descrever-vos os que eles habitam, como ensino tendente a vos melhorar, induzindo-vos a seguir o caminho que vos conduzirá a esses mundos. É um meio de vos fixarem as idéias sobre o futuro e não vos deixarem na incerteza."

a) Como se pode verificar a exatidão dessas descrições?

"A MELHOR VERIFICAÇÃO RESIDE NA CONCORDÂNCIA que haja entre elas.

Porém, lembrai-vos de que semelhantes descrições têm por fim o vosso melhoramento moral e que, por conseguinte, é sobre o estado moral dos habitantes dos Outros mundos que podeis ser mais bem informados e não sobre o estado físico ou geológico de tais esferas.

Com os vossos conhecimentos atuais, não poderíeis mesmo compreendê-lo; semelhante estudo de nada serviria para o vosso progresso na Terra e toda a possibilidade tereis de fazê-lo, quando nelas estiverdes."

NOTA:

As questões sobre a constituição física e os elementos astronômicos dos mundos se compreendem no campo das pesquisas científicas, para cuja efetivação não devem os Espíritos poupar-nos os trabalhos que demandam.

Se não fosse assim, muito cômodo se tornaria para um astrônomo pedir aos Espíritos que lhe fizessem os cálculos, o que, no entanto, depois, sem dúvida, esconderia.

Se os Espíritos pudessem, por meio da revelação, evitar o trabalho de uma descoberta, é provável que o fizessem para um sábio que, por bastante modesto, não hesitaria em proclamar abertamente o meio pelo qual o alcançara e não para os orgulhosos que os renegam e a cujo amor-próprio, ao contrário, eles muitas vezes poupam decepções.


O Livro dos Médiuns
Capítulo XXVI
Das Perguntas que se Podem Fazer aos Espíritos
Perguntas sobre os outros mundos


Tentando concluir, vejamos mais três observações (para fixar): :)

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"O Espiritismo é simplesmente uma moral e que não deverá sair, nem muito, nem pouco, dos limites da filosofia, se não quiser cair no domínio da curiosidade."

(São Luis, O Livro dos Médiuns)

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1. Os Espíritos não se acham todos esclarecidos igualmente sobre estes assuntos.

2. Há Espíritos de inteligência ainda limitada, que não compreendem as coisa abstratas. São como as crianças entre vós.

3. Também há Espíritos pseudo-sábios, que fazem alarde de palavras, para se imporem, ainda como sucede entre vós.

4. Depois, os próprios Espíritos esclarecidos podem exprimir-se em termos diferentes, cujo valor, entretanto, é, substancialmente, o mesmo, sobretudo quando se trata de coisas que a vossa linguagem se mostra impotente para traduzir com clareza.

5. Recorrem então a figuras, a comparações, que tomais como realidade.


(Resposta 143, O Livro dos Espíritos)

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"Lembrai-vos de que há uma só coisa em que nunca sereis enganados,

é sobre o que toca ao aprimoramento moral dos homens;

aí está a verdadeira missão dos bons Espíritos; mas não credes que esteja em seu poder vos descobrir o que é segredo de Deus; não credes, sobretudo, que estejam encarregados de aplainar o rude caminho da ciência;

a ciência não é adquirida senão ao preço do trabalho e de pesquisas assíduas."


(Allan Kardec)

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Espero que estas informações auxiliem.

Abraços!